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Bye, Berlin…

Não postei nada ontem porque a internet do hostel parou de funcionar, e não voltou nem por decreto. Vou começar contando brevemente sobre meu dia de ontem:

Para variar, levantei mais tarde do que pretendia. Apesar do atraso, resolvi manter o cronograma inicial, e me dirigi para Weissensee, para visitar o cemitério Judeu. Indo para a estação de trem perto do hostel, encontrei três homens tocando Tocata e Fuga em Ré Menor, de Bach, em acordeões russos!

Chegar no cemitério deu um certo trabalho… Dois trens e mais um tanto de caminhada, mas valeu completamente a pena. Pela cultura Judaica, as tumbas são deixadas à mercê do tempo. Com isso, o lugar chega a se parecer com uma floresta, de um jeito bem peculiar. Infelizmente não tive tempo o suficiente para andar pelo cemitério todo. Voltei para a estação de trem para ir em direção a Sachsenhausen.

Creio que por alguma reforma nas linhas, o trem que eu precisava usar estava fazendo um caminho alternativo e mais demorado. O resultado disso é que tive menos tempo para visitar o campo do que o inicialmente planejado.

Como o que se imaginaria de um campo de concentração, o lugar é bem macabro. No tempo que tive, consegui ver por volta de metade dele. Vou deixar para contar melhor sobre lá depois, com mais fotos.

Peguei o trem para voltar ao centro de Berlim, já com uma séria dúvida se chegaria a tempo para a visita ao domo do Parlamento. Descobri que poderia descer numa estação próxima (na verdade a mais próxima) a onde eu teria que ir, sem trocar de trem. Devido a essa grata descoberta, cheguei bem a tempo.

Como a visita era às 18h, estava bem escuro. Além disso estava chovendo, então a vista de lá de cima ficava bem comprometida. De qualquer forma, o lugar é lindo, o projeto do domo é simplesmente fantástico, e o fato de o governo permitir visitação gratuitamente, e até mesmo disponibilizar audio-guias em vários idiomas, é uma iniciativa muito interessante. Óbvio que antes de permitir que você entre no prédio, eles verificam seu documento de identidade, sua reserva, e você passa por um detector de metais…

Voltando para o hostel, encontrei uma moça tocando violão e cantando, na Alexanderplatz. Ela se chama Alice Hills, e estava cantando (muito bem) covers de Adele e Florence and the Machine…

Já hoje, acordei bem cedo para pegar o trem, e cheguei em Leuven por volta de 13h30. Tive uma reunião, para todos os brasileiros que estão estudando em Leuven, às 15h30. Tinha até um embaixador do Brasil lá, muito chique!

Shopping day

Rodei. Ao invés de acordar às 7h00 como planejado, acordei precisamente às 9h38. Tomei café da manhã no McDonalds (pra variar), e fui até o Memorial do Holocausto. O lugar é interessante, mas meio turístico, com gente subindo nos blocos de concreto pra tirar foto e coisas do tipo. E tem um monte de lojas de souvenirs do lado…

O Memorial é próximo ao Führerbunker e à Chancelaria do Reich. Eu esperava encontrar alguma coisa lá. Nada! O Bunker foi destruído durante a construção de um bloco de apartamentos, e o que havia sobrado da Chancelaria depois da Batalha de Berlim foi demolido durante a Guerra Fria. Na verdade há uma placa do lado do estacionamento dos apartamentos indicando que o Bunker era ali. Nem fotografei a placa, ela me desapontou um pouco, e estava cercada de turistas.

Passei pela segunda vez na Lego Store, e de lá fui em direção à Coluna da Vitória. Comprei um macarrão chinês com frango, estilo yakissoba, e fui comendo no caminho. Apesar de estar chovendo, resolvi subir pra ver a vista do topo da Coluna, e sinceramente não imaginei que ela tivesse tantos degraus!

A Coluna foi originalmente projetada depois da vitória da Prússia na Guerra Dano-Prussiana, mas durante a construção, a Prússia triunfou nas Guerras Austro-Prussiana e Franco-Prussiana. Com isso, veio a ideia de colocar uma estátua de Victoria em cima da coluna (Victoria era uma deusa romana, acho que vocês podem imaginar de que).

Os três aneis de pedra originais da Coluna são adornados por tubos de canhões dos exércitos inimigos, capturados durante essas guerras. Um quarto anel foi adicionado à coluna (aumentando ela para sua atual altura de quase 67 metros) por ordem de Hitler, após a invasão da França durante a Segunda Guerra. Esse quarto anel é adornado com guirlandas de ouro.Reparem: Embaixo, no último dos três anéis originais, canhões. No anel de cima, acrescentado depois, guirlandas.

Fato curioso: por algum motivo, após a queda de Hitler, os franceses queriam dinamitar o monumento. Felizmente, a Inglaterra e os Estados Unidos não concordaram com a ideia.

Depois da escalada, fui novamente até a loja de cervejas, pois pretendia comprar algumas interessantes para levar pra Leuven. Chegando lá descobri que havia visto o horário de funcionamento errado para sábados, e a loja já estava fechada.

Voltei para o hostel, descansei um pouco, e fui para o shopping. Na Bélgica não temos esse monte de shoppings, e muito menos lojas de eletrônicos de 4 andares…

Para amanhã tenho planos talvez pretensiosos: cemitério Judeu de Weissensee, campo de concentração Sachsenhausen, visitar o Berliner Dom, e subir no domo do Parlamento (precisa agendar pelo site, consegui marcar para amanhã às 18h). Se eu sobreviver a tudo isso, pensei em ir até a East Side Gallery para tirar algumas fotos.

Foto de encerramento: Vista da Coluna da Vitória. Reichstag, Fernsehturm, Berliner Dom, Rotes Rathaus, Brandenburger Tor… Tudo aí! E dá pra ver como o tempo estava ruim…

Alternative Berlin

Acordei menos cedo do que poderia, e tomei um café da manhã digno, no McDonalds: dois croissants recheados de chocolate, para dar energia na caminhada. Minha intenção era participar do Alternative Tour de Berlim, porém como não poderia participar no horário das 11h, resolvi dar uma volta e ir no de 13h. Aproveitei para comprar um passe de 72 horas para o transporte público antes de sair andando pela cidade, Só depois descobri que se tivesse comprado 3 passes de um dia, teria economizado quase 5 euros!

Nessa volta, fui até o Checkpoint Charlie, que era a principal passagem entre Berlim Oriental e Ocidental durante a Guerra Fria. A passagem, obviamente, não era autorizada a residentes da Berlim Oriental. Agora virou um ponto turístico bem popular, e é praticamente impossível tirar fotos sem gente passando na sua frente a não ser que você vá para o meio da rua, e aí o risco é ser atropelado por algum motorista alemão.

Com a ida até lá, atrasei para voltar e perdi o tour das 13h. Levemente desanimado pelo fato, voltei ao hostel para descansar um pouco e decidir o que fazer com o resto do dia. Decidi ir no tour de 15h, mesmo sabendo que metade dele seria no escuro, por causa do horário em que está anoitecendo por aqui.

Peguei cheeseburguers no McDonalds como almoço, e fui comendo no caminho até o ponto de encontro do Tour. Quase me atrasei de novo, mas felizmente cheguei a tempo.

Nossa guia foi uma britânica que mora em Berlim há 4 anos, Penny. Simpática de uma forma bem europeia, e com o clássico e maravilhoso sotaque Inglês.

A primeira parada do tour foi a Haus Schwarzenberg, uma propriedade no bairro judeu no centro de Berlim, que durante a guerra foi até usada como uma oficina para fabricação de pincéis, que empregava e escondia Judeus cegos e surdos. O dono da oficina, Otto Weidt, fazia o possível para evitar que a Gestapo encontrasse e enviasse seus empregados para campos de concentração.

Depois da queda do Muro de Berlim, o prédio ficou desocupado até passar a ser usado por um grupo artístico chamado “the Dead Chickens” em 1995. Atualmente abriga um museu dedicado a Otto Weidt, além de uma exposição sobre a vida de Judeus locais durante a Segunda Guerra, e também algumas lojas e um bar. Para completar, suas paredes são uma ótima exposição de street art.

De lá, passamos pela East Side Gallery (que é o maior pedaço do Muro de Berlim ainda de pé), para chegar até o YAAM, uma comunidade jamaicana que tem até uma praia! Bem, é na margem do rio, é de areia, mas não é beeem uma praia… De qualquer forma, lá eles tem um bar, promovem shows, e com isso arrecadam fundos que são usados para a construção de escolas na jamaica. Mas como nem tudo são flores, a propriedade onde essa comunidade fica foi comprada e provavelmente vai virar um prédio de lofts, em dois meses eles serão despejados. Como até agora não tem qualquer outro lugar ondem possam manter as operações, o futuro não é muito promissor.

Passamos também em frente à Baumhaus an der Mauer, uma “casa na árvore” construída NO Muro de Berlim. Ela foi construída por um imigrante turco, utilizando inclusive móveis jogados fora, como os estrados de cama usados na varanda. Depois de algumas ordens de despejo, às quais o morador respondeu concretando todos os móveis ao chão, descobriu-se que a casa ficava em propriedade de uma igreja próxima. Por esse motivo, a igreja precisava autorizar o despejo. Com uma boa dose de “jeitinho Turco”, o morador consegui que a igreja se compadecesse de sua situação, e por aprovarem seu estilo de vida e sua ética familiar, acabaram por lhe doar a terra. Fato curioso, dado que ele é muçulmano.

O dono da casa, Osman Kalin, já na faixa dos 80 anos, ainda vive lá. Como a construção não é ligada à rede de água, Osman troca semanalmente um suprimento de água por frutas e verduras de seu jardim, com os moradores do prédio do outro lado da rua.

Terminamos o tour no centro de Kreuzberg, o bairro Turco da cidade, apelidade do “Little Istambul”. O lugar tem uma diversidade cultural incrível, e uma quantidade enorme de cafés, restaurantes, bares e lanchonetes interessantes. A última parada do tour foi uma pequena galeria de dois pintores e ilustradores que criam monstros bem coloridos e simpáticos. Trabalho muito legal!

Comi um lanche em Kreuzberg, e voltei para o hostel de metrô. Não consigo descrever o meu arrependimento por não ter usado mais os trens e metrôs ontem, ainda mais com a chuva…

Analisando as coisas que ainda quero ver e fazer na cidade, cheguei à infeliz conclusão que não terei tempo para tudo. Ainda preciso decidir o que vou abandonar…

Foto de finalização, uma pintura linda no Muro:

Rain, Lego Store, rain and more rain

Não fui capaz de levantar muito cedo hoje, a cama do hostel é boa demais…

Tomei café no McDonalds do Shopping aqui perto e fui andar um pouco. Choveu praticamente o dia inteiro, mas logo de manhã pude constatar uma coisa: enquanto nós temos pombas, eles têm corvos! Na Bélgica corvos são bem comuns, mas lá a gente também vê patos, gaivotas, e algumas pombas. Aqui, corvos, corvos e mais corvos! Mas eles são bem simpáticos…

Passei em frente ao Berliner Dom de novo (preciso entrar lá ainda), passei pelos museus da Museumsinsel (um grupo de museus perto do Dom, na “ilha” formada pelo rio). Então resolvi ir até a Lego Store de Berlim. A caminhada foi um pouco longa e molhada, e aproveitei pra almoçar em um restaurante bem legal no caminho (tomei uma sopa de abóbora e um chope Paulaner Weiss). A loja parece o paraíso. Não dá pra descrever… Dá vontade de comprar tudo!

De lá andei até uma loja de cervejas que encontrei aqui, que diferentemente do padrão pra Alemanha (que é de vender e consumir cervejas “clássicas” do país, mais ou menos como na Bélgica), vende cervejas de vários outros países, e de estilos diferenciados. A loja é relativamente pequena, e é gerenciada pelo dono, que é bem simpático. Comprei uma Stout com ostras, e mais umas coisas interessantes por lá…

Como a caminhada de volta pra casa seria de mais uns 5km, e meus pés já estavam pedindo descanso, andei só até a estação de trem principal da cidade (que estava relativamente próxima), comi na Pizza Hut da estação, e peguei um trem de superfície para voltar pro hostel.

Ah, uma consideração sobre o sistema de transporte público da cidade: Wow! Eles tem metrô, trem de superfície, linhas de bonde e de ônibus. Em todo lugar, tem linha de alguma coisa chegando. Além disso, no metrô e nos trens de superfície, não existe nenhuma fonte de “engarrafamento” de pessoas. Não há catracas ou controles quaisquer de passagem. Você deve comprar um bilhete, e validar ele na plataforma (em uma máquina que carimba um código com horário nele), e pode usar os trens. Pelo que li, em alguns momentos fiscais verificam os bilhetes de quem está viajando, mas nada te impede de tentar a sorte para viajar sem pagar (antes que alguém pense mal a meu respeito, eu paguei. não me parece certo tentar burlar um sistema tão bem organizado, e nem praticar atos sujeitos a multa).

Devido à chuva, não tirei muitas fotos hoje, mas pra fechar o post, uma de parte da frente do Berliner Dom:

Berlin

Depois de constatar que meu problema para acordar no horário se limita aos dias em que vou assistir aula, andei até a estação de Leuven, ativei meu Railpass (o que, diferentemente do que eu imaginava, envolveu apenas carimbarem a data no passe), e peguei o primeiro trem.

A viagem foi em três etapas: de Leuven a Liège (por volta de 35min), Liège a Colônia (por volta de 1h), e Colônia a Berlim (pouco mais de 4h30). Apesar de longa, os trens ICE (expressos alemães) são excelentes. Tem até tomada, mesmo na 2a classe! E atingi meu recorde de velocidade terrestre:

Desci na estação principal de Berlim, e fiz um caminho um pouco mais longo do que o necessário para o hostel. Com isso passei em frente ao Parlamento da Alemanha,

E ao Portão de Brandenburgo,

Dava para escutar de bem longe que estava tendo algum tipo de manifestação por lá, além do fato de que algumas das ruas próximas estavam fechadas, e com várias viaturas. Antes de me aproximar muito do que poderia ser um início de revolta (nunca se sabe, né…) perguntei para um outro passante (que também estava fotografando) se ele sabia o que estava acontecendo. Protesto contra a guerra na Síria, de acordo com ele.

Como estava tudo bem pacífico, me aproximei, fotografei e passei por lá sem maiores problemas.

Também passei em frente ao Berliner Dom. Na foto, atrás e à direita, está o que dizem que é o Aspargo de Berlim. É uma torre de televisão (de 368 metros de altura) construída na Alexanderplatz na década de 60, com o intuito de ser um símbolo da Berlim Oriental. Continua sendo um dos principais símbolos da cidade, e é a estrutura mais alta da Alemanha.

Entre o Portão de Brandenburgo e o Berliner Dom comecei a achar que o caminho mais longo havia sido uma má ideia, já que a mochila agora parecia umas 4 vezes mais pesada do que quando desci do trem.

Deixei minhas coisas no hostel, de lá passei em um shopping bem próximo para almoçar, e acabei me vendo preso num paraíso consumista. Sério, que shopping…

Saindo de lá passei de novo na Alexanderplatz, e ganhei umas boas fotos do pôr-do-sol:

Passei (e entrei) na Marienkirche,

Ela tem um órgão lindo…

 

E depois dei mais uma volta pelos arredores, tentei encontrar algum graffiti do Banksy, sem sucesso. Considerando que ele veio aqui há 9 anos, imagino que já deve ter no mínimo 5 camadas de tinta em cima de todos eles. Mas em compensação vi vários outros interessantes.

Já está anoitecendo bem cedo por aqui (por volta de 5h), vou precisar levar isso em conta nos próximos dias, para não comprometer os passeios.

Para terminar o post, mais uma foto do Aspargo. Ok, ok, o nome correto é Fernsehturm…